domingo, dezembro 02, 2007

No que o mundo me tornara...

Existe um poema do grande poeta António Aleixo que li tinha os meus 13 anos e que decorei na altura. Nunca mais me saiu da cabeça. Desde então tentei sempre não me esquecer dos versos. Com os anos frases soltas foram desaparecendo da minha memória e hoje decidi procurá-lo na internet e encontrei-o. Decidi partilhar este poema com quem quer que leia os meus "sinais de fumo"... Sei que é um poema forte, mas acho que nos dias que correm se adapta a muitas pessoas. Até Breve
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NO QUE O MUNDO ME TORNARA

Há dias pus-me na frente
Dum espelho onde me via...
E ri, ri...ri francamente,
Porque não me conhecia.

Fui no meu rosto encontrar,
Por sobre o sulco dos anos,
A máscara que os desenganos
Me forçam a usar.

No que o mundo me tornára!
Quando ri, torno a rir
De raiva - pr'a não cuspir
Na cara da minha cara.

Ri mais porque só a rir
A mim mesmo me iludia...
Mas, se pudesse fugir
Com nojo de mim, fugia.

António Aleixo

1 comentário:

  1. bem-haja este grande poema do Aleixo. tive dificuldade em encontrá-lo na net, mas aqui está. aconteceu a mesma coisa comigo, li-o em miudo, e por muitos anos ficou a sua presença na minha cabeça. poema forte, carga emotiva muito intensa, e acima de tudo a sinceridade,de um homem que tinha dor nas vistas quando olhava para o mundo.

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