terça-feira, novembro 01, 2005

Felicidade: Utopia?



Por muito que queira nunca vou ser capaz de ser completamente feliz. Entristece-me saber que estou a lutar por um bocadinho do sabor da felicidade e não o todo.
Mas por vezes penso, que não deve haver no mundo ninguém que é totalmente feliz. Quando uma pessoa acaba de alcançar algo que se esforçou para conseguir ficar feliz ou sentir-se realizada, passado um pouco já a esqueceu e está a sonhar e a planear o que fazer para conseguir ter outra coisa mais. Isto asssusta-me...
Assusta-me saber que também o assim sou. Que nunca estou satisfeita e que quero sempre mais. Sei que se fosse menos ambiciosa... se o mundo fosse menos ambicioso todos estariamos mas felizes.
Eu estaria mais feliz...

Mas gostava muito de sentir o sabor da felicidade total. Só durante um bocadinho... pode ser?

quinta-feira, outubro 20, 2005

A sede de beijo ,a fome de toque....


Eram 09 horas e o despertador tocou. Tinha que se arranjar para uma entrevista de emprego depois da hora de almoço do outro lado da cidade.
Como sempre desligou o som irritante, que ela nunca percebeu porque o escolheram para acordar as pessoas.
- É por isso que as pessoas acordam sempre mal dispostas de manhã- pensava.
- Só mais um pouquinho- pensava ela, enquanto fechava os olhos pesados e aconchegava-se.
Acordou novamente às 11.00 por causa do barulho ensurdecedor que não parava de aumentar na rua.
- Maldita cidade- resmungava enquanto olhava para o relógio.
- Irra dormi demais hoje. E que dor de cabeça! Logo vou me deitar cedo e nada de fumar erva com o pessoal ou senão já sei q vai ser a mesma história amanhã- resmungava.
Levantou-se e olhou-se ao espelho que mesmo com manchas de ferrugem deivaxa transparecer os olhos borrados da maquilhagem que não tirou na noite anterior. Enquanto tirava a maquilhagem antes de tomar banho, observava lentamente o rosto ao espelho. Desde há um ano que sempre que se olhava ao espelho seu rosto entristecia. Sentia que os quase trinta anos transpareciam na sua pele, nas suas expressões da cara e especialmente dentro da sua cabeça. Tirou a camisola velha que usava para dormir e ainda sem os olhos bem abertos tomou um duche.
- Tenho que fazer algo, não posso continuar assim- murmurava.
Tomar um duche bem longo, vestir a melhor roupa que tinha e que ainda lhe servia, maquilhar-se, colocar o seu perfume favorito que estava prestes a acabar e sair.
Estava um dia chuvoso, e enquanto passava em frente a uma montra reparou que o cabelo que tinha esticado durante mais de uma hora estava a encaracolar. Enquanto no reflexo do vidro da loja dava um jeito ao cabelo reparou que a dois metros de si um homem fazia o mesmo e endireitava o fato. Olharam um para o outro e sorriram. Ele olhou para o relogio e caminhou tão rápido que ela apesar de segui-lo atentamente com os olhos, perdeu o no meio da multidão.

Era quinta-feira e faltavam cinco dias para o natal. As ruas estreitas da cidade estavam cheia de gente que aproveitava a hora de almoço para fazer compras de natal.
Estava desempregada. Desde há três meses que tentava encontrar emprego mas sem resultado. Sentia-se inútil, e a entrevista que teria nessa tarde não lhe entusiasmava.
- Não posso comprar nem uma prenda de natal! Nem uma!- murmurava ela, quando enquanto observava o andar apressado das pessoas. Uma lágrima caia no seu rosto molhado da chuva.
Sentia que os sonhos que tinha quando estudava Artes, em se tornar uma grande pintora tinham desaparecido. Enquanto caminhava pela avenida principal relembrava-se da grande oportunidade que perdera quando terminou o curso. A escolha que fez em preferir viver para uma nova cidade com o seu namorado e não em aceitar uma grande oportunidade de trabalho na cidade em que vivia. Viveu com o namorado quatro meses, mas rapidamente o sonho que tinha em ser feliz com ele e ter os seus quadros expostos numa grande galeria afundaram-se. O homem que julgava que seria o senhor perfeito, largou-a por uma economista de uma grande multinacional. Após dois anos e sem dar-se conta, estava sozinha, longe da familia e dos muitos amigos que tinha, sem emprego fixo e sem um homem ao seu lado.

Começou a chuver torrencialmente e decidiu entrar num café. Sentou-se numa mesa e pediu um expresso bem forte e um muffin de limão. Pegou num jornal e decidiu ficar sentada até a chuva diminuir. Faltava 1 hora para a entrevista, mas algo lhe dizia que não valia a pena. E decide não ir.
Após uma hora , a chuva continuava forte e quando pedia mais um expresso reparou que o homem que estava junto a si numa montra no início da tarde corria para dentro do café a fugir da chuva. Seu olhar cruzou-se com o dela. Sorriram.
- Que raio de chuva- dizia ele ao empregado do café
-Concordo consigo, e olhe que nas notícias diziam que a verdadeira tempestade vem lá para a noite!- afirmava o empregado.
- O que deseja? Uma bebida quentinha? Um expresso, chá?- perguntava.
- Um expresso cairia mesmo bem. E um muffin também se faz favor ... de limão- respodia.
O café estava cheio das pessoas que fugiam da chuva e sentavam-se para beber algo quente e esperar que a tempestade abrandasse.
O empregado enquanto arranjava o café, olha para as mesas e diz:
- Olhe o café está cheio, mas essa menina aí nessa mesa tão sozinha, talvez não se importe que o senhor se sente!
Ele olhou para ela embaraçado e perguntou:
- Importa-se?
- Claro que não. Esteja à vontade- respondeu ela.
- Meu nome é Patricia.
- E o meu é Fernando. Que dia mais triste não acha?- disse ele com olhar tímido, enquanto focava os seus longos e brilhantes cabelos.
- Sim, mas tenho a certeza que agora vai melhorar.... - contrapôs ela com um sorriso atrevido....

quinta-feira, maio 19, 2005

Dar e Receber



Porque é que o problema tem que ser meu?
Porque é que tem ser eu a dar demais e não os outros a dar de menos?
Estas são perguntas que sempre fiz a mim própria e sempre menti na resposta. Não vale a pena mentir. Sim eu dou demais. Gosto de dar, e as pessoas gostam de me dar também.
Entao qual é o problema?
Pois bem a questão é que não gosto de receber. Não bem é não gostar é... não me sinto bem em receber. Porquê? Pois bem precisei de muito tempo para ter resposta a esta questão que me perseguiu durante muitos dias e muitas noites.
Um dia, durante um fim de semana de amigos e numa conversa de fim de noite onde todos estão na cama com luz apagada e a falar da vida, das suas tristezas e alegrias, foi numa destas noite que tive a resposta. Não tive, simplesmente dei-a.
- MAs porque é que não gostas de receber? perguntaram-me
E eu sem sequer pensar na resposta, algo me saiu da boca que me supreendeu:
- Porque acho bom demais as pessoas quererem me dar alguma coisa. Acho sempre que as pessoas me estão a dar algo é porque querem algo em troca, e não porque eu mereça.
O quarto ficou num silêncio agudo durante breves instantes e sentia-se o odor a decepção. Senti que os choquei com aquela resposta. Eu propria senti-me mal em a ter dito, não só porque nunca tinha pensado nisso mas também porque senti que os meus amigos com que estava naquele quarto achavam que eu desconfiava e duvidava da amizade deles. Fiquei triste. Preferia nunca ter tido a resposta para qual tinha uma pergunta que me atormentava.
E então alguem me perguntou:
- Porque não achas simplesmente que se as pessoas te querem dar algo é porque simplesmente gostam de ti? Não achas que estas a camuflar nessa desconfiança que tens nas pessoas o simples facto de não perceberes que és uma boa pessoa, que as pessoas te amam e querem dar te simplesmente porque mereces?
Fiquei triste com esta pergunta. Senti que tinham razão. Senti que eu fui burra todos este anos em fechar as portas do meu coração às pessoas pq simplesmente não acreditava qe haviam pessoas que podiam me amar como eu sou e não pq queriam algo em troca.
Esta pergunta ecoa nos meus pensamentos dias e noites, onde por vezes choro de raiva porque perdi momentos de ternura, carinho, amizade e amor, não pq não acreditava nas pessoas mas simplesmente porque fechava o meu coração e os meus braços, mentindo a mim propria e achando que era bom demais para ser verdade.
Tenho tentado mudar, mas é dificil. Ja fui magoada. Ja abri meu coração e meus braços a pessoas que me magoaram que fizeram que o esforço que tenho tido a abrir o meu coração, fosse em vão. Mas jã não tenho tanto medo. Só porque exitiram e existirão sempre pessoas que me irão magoar não significa que vou perder outras que merecem. Não!!

A vida é curta demais para desperdiçarmos desta forma. Quando morremos o que levamos connosco são as coisas boas, os momentos de amizade e amor vividos, as gargalhadas, os choros de alegria. E eu não quero morrer com um vazio no meu peito. Não quero nem vou!

terça-feira, abril 19, 2005

O 'verdadeiro' calor!

Nunca mais começa a primavera!- pensava. Já fazia mais de uma hora que ela estava à janela procurando por um raio de sol que a aquecesse, um pouco que fosse. Sentia-se fria. Por fora e por dentro.

Já há muito tempo que não sabia o que era sentir-se aconchegada. Talvez nunca tenha mesmo sentido o que era o 'verdadeiro' calor. Sempre que recebia um raio de 'sol', havia sempre uma 'nuvem' negra que o roubava dela.

- Talvez esteja destinada a não receber nunca esse calor- pensava ela! O corpo arrepiava-se com um vento que lhe tocava na pele e penetrava nas roupas finas que tinha no corpo.

Fechou a janela e deixou as cortinas abertas. Sentou-se na cama e encostou as costas à almofada e ficou assim durante um tempo até que começou a chover.

Pode ser que depois da chuva venha o sol e quem sabe o arco-iris!

As vezes como não sei que pense que faça, escrevo!

As vezes nem sei que pense que faça. Custa-me falar das coisas. Assumo. Mas não é defeito é feitio!
Escrevo em folhas de papel soltas ou em cadernos improvisados e personalizados, mas que acabam por ir para o lixo. Fico triste por deitar fora recordações de situações ou simples sentimentos que invadiram a minha vida. Mas pelo menos estas folhas, estes cadernos, fizeram me sentir bem. Como me custa falar... escrevo.
Há pessoas que tiram fotos de situações para recordar mais tarde. Eu.. bom, eu sou um pouco ... diferente. Para mim basta escrever o que sinto, o que vejo, e estou certa que não me esquecerei. Dizem que uma foto vale por mil palavras... talvez. Mas para mim só se forem palavras faladas, porque escritas significam muito.
Adoro escrever. Por mim escrevia todo o dia. Sinto-me tão bem quando escrevo. É como se fosse a unica maneira de deitar fora. As minhas memórias ficam nas folhas. Facilmente elimino as más recordações quando escrevo. É como se voassem pelo vento para bem longe de mim. As coisas boas, fortaleço as raízes que as prendem à minha cabeça, ao meu peito!

Como pouco mudei. Não sou 'transparente' para as pessoas. Pensam que sabem qdo estou triste ou contente, mas eu escondo as coisas. E não estou sempre tão alegre como aparento. E como não gosto que se preocupem e sei que não me irão compreender,'camuflo' os meus sentimentos. Sim, eu sei que não devia, mas não consigo expressar o que sinto é como se não tivesse tradução para palavras em português, e fosse numa linguagem que até eu não compreendo.

Por isso criei este Blog. Quero que ele se torne numa porta para a alma. Minha e tua....