quinta-feira, maio 19, 2005

Dar e Receber



Porque é que o problema tem que ser meu?
Porque é que tem ser eu a dar demais e não os outros a dar de menos?
Estas são perguntas que sempre fiz a mim própria e sempre menti na resposta. Não vale a pena mentir. Sim eu dou demais. Gosto de dar, e as pessoas gostam de me dar também.
Entao qual é o problema?
Pois bem a questão é que não gosto de receber. Não bem é não gostar é... não me sinto bem em receber. Porquê? Pois bem precisei de muito tempo para ter resposta a esta questão que me perseguiu durante muitos dias e muitas noites.
Um dia, durante um fim de semana de amigos e numa conversa de fim de noite onde todos estão na cama com luz apagada e a falar da vida, das suas tristezas e alegrias, foi numa destas noite que tive a resposta. Não tive, simplesmente dei-a.
- MAs porque é que não gostas de receber? perguntaram-me
E eu sem sequer pensar na resposta, algo me saiu da boca que me supreendeu:
- Porque acho bom demais as pessoas quererem me dar alguma coisa. Acho sempre que as pessoas me estão a dar algo é porque querem algo em troca, e não porque eu mereça.
O quarto ficou num silêncio agudo durante breves instantes e sentia-se o odor a decepção. Senti que os choquei com aquela resposta. Eu propria senti-me mal em a ter dito, não só porque nunca tinha pensado nisso mas também porque senti que os meus amigos com que estava naquele quarto achavam que eu desconfiava e duvidava da amizade deles. Fiquei triste. Preferia nunca ter tido a resposta para qual tinha uma pergunta que me atormentava.
E então alguem me perguntou:
- Porque não achas simplesmente que se as pessoas te querem dar algo é porque simplesmente gostam de ti? Não achas que estas a camuflar nessa desconfiança que tens nas pessoas o simples facto de não perceberes que és uma boa pessoa, que as pessoas te amam e querem dar te simplesmente porque mereces?
Fiquei triste com esta pergunta. Senti que tinham razão. Senti que eu fui burra todos este anos em fechar as portas do meu coração às pessoas pq simplesmente não acreditava qe haviam pessoas que podiam me amar como eu sou e não pq queriam algo em troca.
Esta pergunta ecoa nos meus pensamentos dias e noites, onde por vezes choro de raiva porque perdi momentos de ternura, carinho, amizade e amor, não pq não acreditava nas pessoas mas simplesmente porque fechava o meu coração e os meus braços, mentindo a mim propria e achando que era bom demais para ser verdade.
Tenho tentado mudar, mas é dificil. Ja fui magoada. Ja abri meu coração e meus braços a pessoas que me magoaram que fizeram que o esforço que tenho tido a abrir o meu coração, fosse em vão. Mas jã não tenho tanto medo. Só porque exitiram e existirão sempre pessoas que me irão magoar não significa que vou perder outras que merecem. Não!!

A vida é curta demais para desperdiçarmos desta forma. Quando morremos o que levamos connosco são as coisas boas, os momentos de amizade e amor vividos, as gargalhadas, os choros de alegria. E eu não quero morrer com um vazio no meu peito. Não quero nem vou!

terça-feira, abril 19, 2005

O 'verdadeiro' calor!

Nunca mais começa a primavera!- pensava. Já fazia mais de uma hora que ela estava à janela procurando por um raio de sol que a aquecesse, um pouco que fosse. Sentia-se fria. Por fora e por dentro.

Já há muito tempo que não sabia o que era sentir-se aconchegada. Talvez nunca tenha mesmo sentido o que era o 'verdadeiro' calor. Sempre que recebia um raio de 'sol', havia sempre uma 'nuvem' negra que o roubava dela.

- Talvez esteja destinada a não receber nunca esse calor- pensava ela! O corpo arrepiava-se com um vento que lhe tocava na pele e penetrava nas roupas finas que tinha no corpo.

Fechou a janela e deixou as cortinas abertas. Sentou-se na cama e encostou as costas à almofada e ficou assim durante um tempo até que começou a chover.

Pode ser que depois da chuva venha o sol e quem sabe o arco-iris!

As vezes como não sei que pense que faça, escrevo!

As vezes nem sei que pense que faça. Custa-me falar das coisas. Assumo. Mas não é defeito é feitio!
Escrevo em folhas de papel soltas ou em cadernos improvisados e personalizados, mas que acabam por ir para o lixo. Fico triste por deitar fora recordações de situações ou simples sentimentos que invadiram a minha vida. Mas pelo menos estas folhas, estes cadernos, fizeram me sentir bem. Como me custa falar... escrevo.
Há pessoas que tiram fotos de situações para recordar mais tarde. Eu.. bom, eu sou um pouco ... diferente. Para mim basta escrever o que sinto, o que vejo, e estou certa que não me esquecerei. Dizem que uma foto vale por mil palavras... talvez. Mas para mim só se forem palavras faladas, porque escritas significam muito.
Adoro escrever. Por mim escrevia todo o dia. Sinto-me tão bem quando escrevo. É como se fosse a unica maneira de deitar fora. As minhas memórias ficam nas folhas. Facilmente elimino as más recordações quando escrevo. É como se voassem pelo vento para bem longe de mim. As coisas boas, fortaleço as raízes que as prendem à minha cabeça, ao meu peito!

Como pouco mudei. Não sou 'transparente' para as pessoas. Pensam que sabem qdo estou triste ou contente, mas eu escondo as coisas. E não estou sempre tão alegre como aparento. E como não gosto que se preocupem e sei que não me irão compreender,'camuflo' os meus sentimentos. Sim, eu sei que não devia, mas não consigo expressar o que sinto é como se não tivesse tradução para palavras em português, e fosse numa linguagem que até eu não compreendo.

Por isso criei este Blog. Quero que ele se torne numa porta para a alma. Minha e tua....